As Crônicas de Spiderwick Edição Completamente Fantástica — Um presente para todos os fãs de Holly Black
Foi através de As Crônicas de Spiderwick que eu conheci a Holly Black, mas eu nunca tinha conseguido concluir a leitura. Esse é mais um dos meus casos de conclusão tardia de uma história da minha infância/adolescência. As Crônicas de Spiderwick está longe de ser um livro perfeito, mas mesmo com questões datadas a aventura é divertida e fascinante que faz valer para a autora a alcunha de Rainha das Fadas.
A história gira em torno dos irmãos Grace, que depois da separação de seus pais se mudam para a casa de uma tia, lá eles encontram um escritório escondido e um guia de campo guardado a sete chaves. Longe de ensinar como acender uma fogueira ou como espantar mosquitos durante um acampamento, o guia de campo contem informações sobre seres fantásticos que vivem não só ao redor da casa como pelo mundo todo. Agora que o guia foi encontrado, os irmãos Grace devem decidir entre entregar o livro aos seres fantásticos para ser destruído ou usa-lo para se proteger de seus ataques.
A série é composta por cinco livros bem pequenos, o que facilitou seu compilamento em um único exemplar. Devido a sua diagramação espaçada e o tamanho de cada livro a edição não é pesada e nem difícil de ler, o tamanho também é bom que ajuda a segurar mesmo sendo capa dura. O livro também conta com capítulos extras que matam ainda mais a saudade da obra já conhecida. Para os que estão lendo pela primeira vez e vieram dos livros YA da Holly Black entendam que a história é mais infantil, mas sei que vocês verão a mesma voracidade que é marca registrada da autora.
Quando comparados com outros livros da autora, temos a sensação de que As Crônicas de Spiderwick não tem muito aprofundamento na sua narrativa e principalmente em seus personagens. O que dificulta, pelo menos pra mim, criar uma relação de empatia por eles. Cada membro da família parece pensar mais em si mesmo do que nos outros, além em disso ela apresenta o nosso protagonista, Jared, como um menino raivoso que tem zero motivos para ser assim e ao longo da história a gente descobre que… ele realmente não tem um motivo para ser assim. Ela só decidiu e pronto. Fim. Mallory é incrivelmente insuportável mesmo para uma adolescente que é irmã mais velha de dois meninos. Simon é um chuchuzinho, mas é meio mimadinho. E com todo o respeito que eu tenho por mães cansadas, a Helen é de longe bem relapsa com os filhos e chega mais pra dar bronca e reclamar da própria vida do que entender o que se passa com seus filhos. Principalmente com o Jared, que ela gosta de fazer de “fonte de todos os seus problemas”.
Ao mesmo tempo é incrível como Holly Black consegue desenvolver personagens insuportáveis e nos faça torcer por eles em uma aventura. Alguns nem são desenvolvidos para que a gente goste deles ou concorde com eles, mas eles estão ali e fazem parte de tudo isso então vamos torcer por eles de qualquer forma. Em As Crônicas de Spiderwick o que nos move é descobrir os segredos das criaturas mágicas e saber quando que a mãe dessas crianças vai descobrir que os filhos quase morreram enquanto ela estava trabalhando.
Outro ponto que eu tenho que admitir é como a Holly Black é maravilhosa na criação de seu mundo mágico. Ela nos faz ficar imensos na história de forma que poucos autores conseguem, ela cria um universo fantástico extremamente cativante, mas sem deixar de nos avisar que é totalmente perigoso. Sejam crianças, adolescentes ou adultos o aviso sobre as fadas é sempre o mesmo, eles são lindos, cativantes, poderosos e acima de tudo são mortais. Então cuidado quando entrar em seu mundo, apesar do gostinho de “casa” que sentimos ao embarcar em mais uma de suas aventuras sabemos com todas as letras que vamos sofrer com cada uma das palavras não ditas, das meia verdades e da mortalidade de suas laminas.
Outras obras da Holly Black
(Organizadora) Zumbis x Unicórnios — Do bate-papo para as livrarias
O Príncipe Cruel — O que foi isso, Holly Black?
O Povo do Ar — De livro odiado para série amada
