Duologia: O Herdeiro Roubado — Uma história de Elfhame

Jey Canavezes
5 min readJun 4, 2024

Ela fez de novo. Mais uma aventura que nos leva de volta ao reino das fadas mais perigoso e com cheirinho de lar que já existiu. Eu não faço mais questão nenhum de esconder ou disfarçar o quanto eu lato para os personagens e histórias criadas pela Holly Black e o quanto ela sempre me surpreende. Eu desisto, todo o meu dinheiro e vida serão dedicados a fazer essa mulher e família dela serem milionários para o resto da vida.

Nessa duologia voltamos a Elfhame alguns anos depois da coroação de Jude como Grande Rainha e dona de tudo e de todos ao lado do marido lindo dela, o Cardan. Lembram dele? Lógico que sim, quem esqueceria um rosto tão bonito, um sorriso tão dissimulado, o deboche de milhões e que ele se transformou numa cobra gigante algumas primaveras atrás. Simplesmente, o nosso Grande Rei. Contudo nossa atenção não está voltada para os nossos novos e poderosos monarcas, que sempre roubam a cena quando mencionados, mas, sim, ao nosso casal mais jovem e apaixonado. O príncipe Oak de Greenbriar e a rainha Suren da antiga Corte dos Dentes.

O pequeno irmão de Jude e sobrinho de Cardan é o nosso protagonista em uma aventura que recruta a fugitiva rainha da Corte de Dentes para uma viagem de volta a para casa, para resgatar seu pai, o general Madoc, que está em exílio e agora preso na Corte de Dentes. E tudo aqui poderia ser simples e objetivo se essa história fosse escrita por qualquer outra pessoa do mundo, mas como ela saiu da cabeça da Holly Black… todo mundo pode trair todo mundo. Lição aprendida por toda e qualquer fada que more em Elfhame.

Black nunca decepciona na forma como ela constrói as intrigas e as relações complexas de seus personagens. Oak não é mais um menino bonitinho com pernas de cabritinho, ele é um jovem fada sedutor e que exerce o papel de amante burro e traidor na corte de sua irmã para mantê-la a salvo de possíveis conspirações e tentativas de assassinato. Um herói de capa.

Suren, ou Wren, para os mais íntimos, nesse caso o próprio Oak, está as voltas com quebrar maldições de humanos burros o suficiente para fazerem acordos com fadas, ela vive no entorno de sua antiga casa humana. Sim, conhecemos o passado de Wren e que antes ela vivia com uma família humana e depois foi levada de volta para a Corte de Dentes, onde foi tratada da maneira que nós bem conhecemos da série d’O Povo do Ar.

Wren e Oak se unem para salvar Madoc, o acordo é que o príncipe entregue o coração de Mellith em troca da libertação do general, para isso Oak leva Wren que tem o poder de controlar Lady Nore, que além de sua mãe é a atual governante da Corte de Dentes. Mas muitos mistérios se escondem por trás da intenção de cada personagem. Além disso, Holly Black ainda jogou no ar que há problemas muito graves acontecendo no Reino Submarino e deu pra gente um gostinho de que vamos ter uma série ou trilogia focada nessa situação, com a volta dela, a diva dos mares, Nicasia.

Eu queria focar na história e dizer para vocês tudo que aconteceu, mas a verdade é que apesar de ser uma duologia a história é muito grande e com muitas reviravoltas e como eu não quero dar spoiler porque sinceramente, vale muito a pena ler esse livro e se deixar seduzir e surpreender por ele. Então vou focar no outro ponto importante que eu gosto muito quando um autor sabe fazer sem ser forçado. Fanservice.

Esse livro entrega muitos momentos maravilhosos onde tudo que a gente pensa é “esse menino é muito filho da irmã dele” ou “isso é 100% energia do Cardan. Oak é um excelente protagonista porque ele carrega o sangue nos olhos da Jude e a dissimulação do Cardan num equilíbrio perfeito mantendo sua própria personalidade no processo. Ele não é nem um e nem o outro, mas consegue ser os dois na medida certa. Além disso temos muitas menções a corte de Elfhame e a Grande Rainha. Tudo é para o agrado da Grande Rainha, as graças da Grande Rainha, os favores da Grande Rainha. Só teve um personagem que mencionou o Grande Rei, e foi a própria Lady Nore que como muitas outras fadas não aceita a presença de Jude no trono. Pobre, Jude, ela nem dorme por causa disso.

Contudo Holly Black é tão boa no que faz que ela gosta de vender esse peixe do Cardan ser um homem bonito que está lá para servir beleza e deboche, porém é muito maravilhoso a perfeição com que a autora dosa o momento exato de nos lembrar o quando Cardan é poderoso e o legítimo Grande Rei de Elfhame, aquele que é um com a sua terra. Seu poder é grandioso e se há vida é porque Cardan está lá. Ao mesmo tempo ele AMA ser o marido da Jude. Ele dizendo na maior tranquilidade que ele odeia a sala de guerra, que ele prefere fazer qualquer coisa do que ir para lá, porque é chato. O que nos desvia de todo o seu poder e importância, mas não se deixem enganar, esse personagem é o que garante que ele passe despercebido e observe a todos de um lugar muito privilegiado.

Black também soube dosar muito bem a quantidade de atenção dada aos personagens antigos de forma que eles dessem esse gostinho de poder e relevância, mas sem tirar o protagonismo do novo casal e do Oak. Eu disse lá em cima e repito esse texto não tem a menor intenção de ser imparcial ou crítico. Eu estou simplesmente compartilhando o quanto sou apaixonada por essa saga e como a Holly Black conseguiu mais uma vez garantir que mais umas três gerações da família dela não tenham que se preocupar com dinheiro.

Sinceramente se você gosta de O Povo do Ar, leia essa duologia. Você não vai se arrepender. A história é incrível, os personagens são cativantes, eles vão te enfeitiçar com o carisma deles e você, assim como eu, nunca mais vai querer sair do reino das fadas.

Outras obras da Holly Black que eu resenhei:

(Organizadora) Zumbis x Unicórnios — Do bate-papo para as livrarias

O Príncipe Cruel — O que foi isso, Holly Black?

O Povo do Ar — De livro odiado para série amada

As Crônicas de Spiderwick Edição Completamente Fantástica — Um presente para todos os fãs de Holly Black

Tithe — O Reino das Fadas versão 2002

--

--

Jey Canavezes

90% das resenhas são feitas no hype pós-leitura. Os outros 10% eu não tenho ideia do que eu tô falando.