Saint Seiya: A Lenda do Santuário — Um excelente filme de Saint Seiya

Jey Canavezes
6 min readMar 5, 2021

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Saint Seiya pode não ser a franquia com mais histórias derivadas que existe, mas que muitos de nós já fomos pegos de surpresa por uma produção que não conhecíamos, é verdade. Principalmente quando não acompanhamos cada respiração da série. Essa semana eu assisti Saint Seiya: A Lenda do Santuário, um filme de 2014 feito totalmente em CGI e que se passa durante a batalha das doze casas.

A história é aquela que já conhecemos há anos e as modificações em geral foram poucas. Por ser um filme de 93 minutos tudo foi muito acelerado, talvez até demais em alguns pontos, mesmo assim acho que ele conseguiu passar um pouco do que é Saint Seiya. Acredito que fãs mais tradicionais possam achar exagero esse comentário, mas eu realmente acho que esse filme cumpre perfeitamente o seu papel, ele é divertido, tem um visual incrível, lutas muito legais e vende os bonequinhos o tempo todo! Eu mesma fui procura-los assim que o filme acabou, inclusive, quem quiser me presentear estou aceitando.

O filme tem muitos pontos positivos, eu acho que se eu visse esse filme sem conhecer Saint Seiya e conhecesse a história original depois eu ficaria um pouco decepcionada. O filme é bem moderno e dialoga muito com a nova geração, eu não consigo ver nada nesse filme que seja muito desgostável do ponto de vista mais infantil. Pra mim ele peca apenas com os fãs muito tradicionais que provavelmente vão sentir falta da carga dramática da história. Sim, Saint Seiya é um drama. Em vários momentos percebemos que ele tem um peso emocional em cada personagem, mas também não podemos dizer que não é sobre lutinhas legais e o cumprimento de suas missões como cavaleiros.

Entre as mudanças no enredo temos o fato de que Saori e os cavaleiros de bronze não se conhecem desde a infância, então não temos aquele peso dos traumas do passado, e por tanto Ikki também não tem sua participação como vilão, ele é apenas um cavaleiro estilo lobo solitário. Por não se aprofundar nas relações entre os personagens a luta entre Camus e Hyoga fica um pouco estranha aos olhares dos fãs mais antigos, porque não tem a carga emocional que já se conhece. Também tivemos cortes em algumas lutas, como a de Shaka e Ikki, Milo e Hyoga e Afrodite e Shun. Em geral toda a parte do Santuário fica bem acelerada e é possível se perder um pouco quando pensamos onde cada cavaleiro deveria estar.

Ao contrário do mangá e do anime Saori não fica inconsciente enquanto os cavaleiros de bronze passam pelas doze casas, ela fica fraca porque seus poderes estão, na verdade, sendo sugados por Saga. Em vários momentos ela cura os cavaleiros de bronze mesmo que isso consuma ainda mais o pouco cosmo que lhe resta. Pela primeira vez Saori luta mais ao lados dos cavaleiros do que em outras adaptações. Não tem como não gostar dessa Saori.

Milo perfeita!

E por falar em alterações algumas merecem um destaque especial a primeira é a mudança de gênero de Milo. Diferente de como foi feito com Shun na animação da Netflix, não há qualquer comentário contrario a mudança de gênero de Milo, pois o problema nunca foi com a mudança e sim com a escolha do personagem. Shun tem uma função muito importante dentro da narrativa de Saint Seiya, e não, não é sobre ele ser o receptáculo do espirito do Hades, tem haver com ele ser um homem constantemente questionado em ser um cavaleiro quando ele é claramente um pacifista. A função do Shun é ser o contraponto de todos os outros.

Outra mudança, essa muito mais questionável, foi o show da Broadway na casa de Câncer. O que Máscara da Morte e cantar tem a ver? Podiam ter cortado todo esse show bizarro e ter usado o tempo para que houvesse a luta entre o Shun e o Afrodite! Me recuso a aceitar que não deram essa oportunidade para mostrar os ataques de rosas do Afrodite nesse CGI perfeito! Câncer e Peixes sempre foram os cavaleiros mais detestados e esse filme poderia ter dado uma ótima oportunidade de redimir os dois com boas lutas, mas eles foram engolidos pela bizarrice e pelo descarte respectivamente.

Um detalhe que eu queria apontar é que nesse filme eles tiveram uma ideia interessante, mas que eles mesmos esqueceram na aceleração do filme, existia uma Athena falsa no Santuário, mas eles dão um total de zero explicações sobre quem é ela. Além disso a jovem some depois que Saga dá a ordem de matarem os cavaleiros de bronze e a Saori. Ela tem uma cena bem imponente onde ela veste uma mascara de amazona e eu pensei “ela vai cair no pau com alguém”, mas a personagem some sem nenhuma explicação.

Mas é o visual desse filme que mais me deixa sem palavras, os traços mais humanizado dos personagens ficou perfeito, eles não perderam em nada suas características e ainda ficaram muito bonitos. Não preciso dizer que o filme me deixou ainda mais apaixonada pelo Shun, ne? Mas um detalhe que eu gostei muito e me chamou atenção durante o filme foi o fato dos olhos dos personagens brilharem quando eles revelam o seu cosmo, o que me fez reparar ainda mais nos olhos do Seiya, que sempre foram um castanho avermelhado, mas aqui nesse filme eles são vermelhos, e ficou tão perfeito que não sei porque não foi assim desde o começo.

Ainda sobre o visual, eu amei as armaduras. TODAS ELAS. Eu gostei da chapinha de Pandora, no lugar da caixa de Pandora, eu gostei que elas tem luzinhas, eu gostei da textura, do peso, eu gostei do elmo que fecha completamente se tornando uma verdadeira proteção para o rosto dos cavaleiros. Zero defeitos. Das que mais mudaram eu gostei bastante da de Leão, Andrômeda e da forma final de Sagitário, e também gostei da adição do jarro no ombro da armadura de Aquário.

A luta final entre os cavaleiros de bronze e Saga de Gêmeos foi digna de um super sentai, eu juro que esperei que os cavaleiros de bronze fossem se unir e virar um robô gigante para enfrentar a forma monstro gigante do Saga. Minha criança interior foi iludida. E o Seiya com armadura de Sagitário naquela forma de centauro foi demais para o meu coração.

Como eu já disse antes eu achei que esse filme foi perfeito para um publico mais infantil e que não conhece Saint Seiya, mas que ainda sim manteve o que tem de melhor na história, os guerreiros de Athena arriscando tudo para proteger a deusa e aquilo em que acreditam. Sim, eu também senti falta do Hyoga chorando, senti falta do Shiryu ficando cego, senti falta do Shun descendo o cacete no Afrodite, mas não se pode ter tudo na vida, não é?

Brincadeiras a parte, eu recomendo o filme a todos que consigam perceber que esse filme não é para nós fãs da terceira idade e sim para uma nova geração, ou para você que quer ver uma coisa diferente e tem mente aberta para entender que esse filme é uma coisa e o manga/anime é outra coisa. Se você não gosta de mudanças na franquia, não veja.

Ah, e se querem usar como porta de entrada para Saint Seiya… não recomendo. O filme foge em muitos conceitos exatamente porque ele não tem o objetivo de ser fiel a obra original.

Aos produtores: Quando sai a continuação?

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Jey Canavezes

90% das resenhas são feitas no hype pós-leitura. Os outros 10% eu não tenho ideia do que eu tô falando.