Tithe — O Reino das Fadas versão 2002

Jey Canavezes
3 min readFeb 19, 2024

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Antes do Grande Rei e da Grande Rainha conquistarem os corações dos leitores, havia uma porta de entrada para o Reinos das Fadas aberto lá nos anos 2000. Talvez a Kaye não seja tão cativante quanto a Jude e suas facas, mas ela se esforça. Podemos dizer que aqui foram os primeiros passos para o desenvolvimento de todo esse universo do Povo do Ar.

Tithe é um livro bem pequeno e sua história não é muito grande, aqui nós acompanhamos Kaye, uma menina que passou a maior parte de sua vida, arrumando os instrumentos da banda de sua mãe e tirando a cabeça dela de dentro das privadas. Depois de uma briga com um dos integrantes da banda, mãe e filha voltam para a sua cidade natal, pelo menos até sua mãe conseguir uma nova banda para se enfiar.

De volta ao local de sua primeira infância, Kaye, se lembra de que gostava mesmo era de conversar com seus amigos da floresta, criaturas que vinham ao seu encontro e brincavam com ela quando todos a achavam muito estranha. Mas agora que era adolescente esses amigos não apareciam mais, contudo depois de dar a vida para um cavalo de brinquedo, enfeitiçar o namorado da melhor amiga e salvar um feérico ferido, rapidinho a patotinha apareceu para revelar alguns segredos.

O primeiro que ela é uma changeling — uma criança trocada por uma fada — segundo ela descobre que é uma pixie, uma categoria de fadas que tem asas e cor de pele diferente, terceiro ela foi enfeitiçada para parecer humana de forma a ser “sacrificada” para a manutenção de um acordo entre a corte local e as fadas livres. E por fim o feérico que ela salvou, na verdade é parte da corte que quer sacrifica-la então ela deve ficar longe dele.

Tudo tranquilo e normal na vida de uma criança changeling, o que os amiguinhos da floresta não contavam é que a nossa pequena Pixie está completamente apaixonada pelo soldado da corte Unseelie e vai ajuda-lo a se livrar da sua maldição de servidão e retornar para sua corte original.

O mais gostoso dessa história é aquele toque de anos 2000 com os personagens sendo bem bad boys/girls, rebeldes, que usam preto, bebem, não vão pra escola, não trabalham, ou trabalham num emprego ruim que paga pouco, palavrão… ai que saudade… um livro só precisava disso para ser bom nessa época.

Ta bom, sem meme. O livro conta com algumas tramas batidas e enredo previsível para quem já é leitor a longo prazo. Já vimos esses enredos quando estavam em alta e vendo agora com a passagem do tempo também mostra como alguns conceitos envelhecem mal. Hoje em dia quando queremos fazer uma personagem mais rebelde não usamos tantos estereótipos e nem pintamos ela como um conceito “roqueiro rebelde”. Entretanto, Holly Black, consegue nos fazer torcer por seus personagens não tão cativantes desde sempre. Eu disse o mesmo em As Crônicas de Spiderwick, nem sempre ela cria personagens para nos cativar, mas porque eles são necessários para a narrativa e desenvolvimento da história.

É certo que em algum momento eu leia a continuação, mas até lá vocês podem ler as outras resenhas que eu fiz de obras da Holly Black:

(Organizadora) Zumbis x Unicórnios — Do bate-papo para as livrarias

O Príncipe Cruel — O que foi isso, Holly Black?

O Povo do Ar — De livro odiado para série amada

As Crônicas de Spiderwick Edição Completamente Fantástica — Um presente para todos os fãs de Holly Black

Duologia: O Herdeiro Roubado — Uma história de Elfhame

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Jey Canavezes

90% das resenhas são feitas no hype pós-leitura. Os outros 10% eu não tenho ideia do que eu tô falando.