Vozes Negras — Um livro que tem tudo

Vozes Negras é um livro com personagens cativantes, historias na medida certa, mas que deixam muito gostinho de quero mais. Tem história que inspira? Tem. Tem história que emociona? Tem. Tem ficção cientifica? Tem. Tem muita representatividade? TEM!

As autoras desses contos são Maria Ferreira, Flor, Priscila, Petala Souza & Isa Souza e Amanda Condasi. Confesso que o conto que mais gostei foi Não Existem Sinônimos Suficientes para Futuro porque, sim, eu sou uma consumidora compulsiva de histórias de ficção. Mas acho que posso ter ficado ainda mais surpresa porque o livro é de 2019, ainda não estávamos em situação de pandemia e nem tínhamos noção da futura proliferação dessa doença. E mesmo assim ela acertou em cheio com o que estamos vivendo, mas também faz uma analogia com a nossa situação geral de confinamento e individualidade no dia-a-dia.

Além dessas autoras maravilhosas eu gostaria de dizer que as artes desse livro são um calorzinho no coração e são todas feitas por Limão um artista incrível e que vocês podem ver o trabalho lá no Instagram (@limaocomvodka).

Eu realmente acreditei que iria encontrar histórias cotidianas e que eu não fosse me envolver com os personagens por não ser um tema que eu tenho apreço, eu tenho noção de sou viciada em histórias de fantasia e que ficção muito ligada a realidade não é o meu ponto forte. Inclusive, preciso melhorar isso em mim. Mas eu torci tanto por cada uma das personagens… Quando um conto acabava eu ficava triste, eu queria mais, eu vivi um luto por cada história. Mas e a Amara? Como foi a reportagem da Gloria Maria? A Aleduma conseguiu? Como está a Dandara? Gente, eu estou órfã… Não tem um personagem desse livro que eu não amo, não tem um deles que eu não queira sentar e conversar.

A existência de um livro tão simples, com histórias tão simples e de tão grande identificação me enche de esperança de que possamos ver cada vez mais mudanças no cenário literário e também no cabeça dos jovens. Que eles passem a se identificar mais, se reconhecer mais e crescer cada vez mais. Não há muito mais que eu posso dizer aqui que não soe um clichê de uma mulher branca, mas esse livro realmente me surpreendeu e eu espero e quero muito que ele surpreenda cada vez mais pessoas. Que essas vozes ecoem e ressoem em muitas casas e que acolha todos os que se identificarem.

Um pouquinho do que eu achei de cada conto sem spoiler:

Coincidências — Começamos o livro contando a história da Amara. Romances não são meu ponto forte, mas Amara me cativou. Menina decidida, que correu atrás do que queria e que apesar do que passou merece o mundo e o vai conquistar. Eu sei que vai.

Carimbos e Memórias — Depois conhecemos Gloria Maria, uma jovem do interior que tem um sonho, ser comunicadora. Glorinha sempre amou os livros e até ganhou um concurso de poesia e leu na rádio de sua cidade.

Não Existem Sinônimos Suficientes para Futuro — Saímos do interior e caminhamos tanto que chegamos a um futuro distópico em que um vírus obrigou a sociedade a se isolar em casa, mas será que depois de tantos anos em isolamento todas as restrições ainda são necessárias? Como faremos quando quisermos voltar a conviver em sociedade? Bom, se junte a Aleduma e descubra.

Na Ponta dos Sonhos — E por fim, mas não menos importante temos Dandara, uma jovem de dezessete anos que sonha em ser bailarina, mesmo morando em comunidade e passando por diversas dificuldades nunca desistiu e o futuro lhe reservou uma surpresa ainda maior.

Leia também a resenha sobre outro livro da série Vozes: Vozes Trans — Contos para deixar o coração quentinho